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Exposição “MATA” de Pedro Marighella maio 5, 2010

Posted by Jan Balanco in Artes Visuais, Livros e HQs, Música.
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Em curtíssima temporada na Galeria ACBEU, em Salvador, encerra nesse sábado 08/5 a visitação à exposição MATA, do artista baiano Pedro Marighella. Na verdade uma obra única, MATA é uma ocupação gráfica em que as paredes da galeria foram cobertas por desenhos  feitos à mão com o uso de caneta marcador diretamente na parede. Não vou falar aqui sobre o tema dos desenhos, nem publicar fotos da ocupação. Não quero estragar o fator-surpresa de quem for visitar pessoalmente. Mas prometo publicar um registro fotográfico aqui na próxima semana. Por enquanto, apenas uma foto da parede de apresentação da galeria, também feito à mão.

Acompanho o trabalho de Pedro Marighella, ou simplesmente Marighella – como o chamávamos desde antes de saber da existência de seu antepassado famoso -, desde o final dos anos 1990, época em que ele desenhava quadrinhos e pintava as paredes do grêmio estudantil do colégio onde estudávamos, o ISBA. Chegamos a trabalhar em um mesmo projeto, a edição Nº 1 da Banzai Comics, HQ independente publicada em 1999 pelos amigos Magno Jacobina e Mateus Freire (hoje um engenheiro civil e um médico, respectivamente, dois talentos infelizmente afastados da criação artística) em que Marighella foi o artista convidado para ilustrar a capa e o poster, e eu fui o letrista. Seguem fotos abaixo (não possuo scanner).

Exemplar da Banzai Comics #1 com capa de Pedro Marighella

Poster de Pedro Marighella encartado na Banzai Comics #1

De lá pra cá muita coisa aconteceu. Por volta do ano 2000 deu início ao seu projeto como DJ, o SOM PEBA, em que remixa músicas do pagode elétrico baiano, ritmo ainda em ascensão naquela época. Depois começou a discotecar com velhos vinis de axé dos anos 1980 e 1990, num revival muito bem humorado, antecipando em quase 10 anos os atuais remixes e mashups de ritmos das periferias brasileiras, e a revalorização de Luiz Caldas e cia.

Tempos depois começou a administrar com alguns parceiros o Estúdio Zito, através do qual desenvolve todo tipo de ilustrações e peças gráficas sob encomenda para os mais diversos tipos de cliente, de mascote de resort de luxo até as fichas de acarajé da baiana Cira de Itapuã.

Mas sua grande empreitada mesmo é o GIA – Grupo de Interferência Ambiental, coletivo do qual faz parte e que eu considero possivelmente como o que há de melhor no atual cenário das “artes visuais” (entre aspas porque o GIA vai muito além disso) na Bahia.  Prefiro me privar de tentar explicar o GIA e não me fazer entender, e recomendo um passeio demorado pelos seguintes links:

– Blog do GIA

– Reportagem da revista Muito (2008)

– Catálogo da Fiat Mostra Brasil (2006)

Canetas

Em 2007 voltei a trabalhar com Marighella na exposição coletiva do projeto 3×4 – Circuito de Produção Cultural, na Galeria do Teatro ICEIA, onde fui curador e produtor junto a um grupo de colegas da faculdade, e Marighella foi um dos artistas convidados. Foi por volta dessa época que ele começou a fazer desenhos de grande dimensão em paredes, que pude ver pela primeira vez na coletiva Resíduo na Galeria do Conselho. A técnica consiste em usar um retroprojetor para ampliar um desenho previamente feito em papel ou transparência, e então cobrir os contornos projetados na parede com caneta tipo marcador. MATA é a sua maior obra realizada com essa técnica.

Pedro Marighella, de camiseta branca e com sua obra ao fundo, junto a alguns dos artistas da coletiva 3×4.

O que eu entendo como uma gostosa mistura de HQ agigantada e pixação comportada é o suporte que tenho visto Marighella usar em seu trabalho individual de galeria nos últimos anos. Eu adoro, apesar de, por estar sempre preocupado demais com a sustentabilidade dos artistas que admiro, ficar aflito em saber que sua existência é curta e só dura até a próxima camada de tinta, nunca podendo ir parar numa coleção ou algo parecido. Tudo bem que essa não deva ser a intenção do artista, e também nem é da minha conta, mas fico preocupado com a sustentabilidade das ações. Seria bacana ver a produção de obras como essa em dimensões menores, em suportes como telas e desenhos, por exemplo. A artista japonesa Urata Spancall faz isso muito bem, pintando telas, ilustrando em papel, ou até em objetos como calçados, sem perda (eu mesmo tenho um exemplar em casa).

Mercado à parte, a sua arte fica cada vez melhor.

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